quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pensão

Semana metaforicamente depressiva. Nada de metáforas.
Não sei pq, hj eu estava lembrando de quando eu cheguei em Maringá e fui procurar pensionatos para morar.
Que coisa vergonhosa, eu, um andarilho sem teto, batendo de porta em porta perguntando se tinha vaga, quantas pessoas tinha no quarto e quanto custava.
A primeira pensão durou três dias. Eu dividia o quarto com uma japonês, chinês, whatever, asiático petrificado, pois toda a vez que eu entrava no quarto ele estava extamente na mesma posição: debruçado sobre a mesa estudando. Nem um fio de cabelo se mexia. O outro era um cara sem noção que ficava pelado no quarto. Isso mesmo, ele ficava PELADO no quarto. A primeira vez que ele fez isso, ele olhou pra mim e pro japonês, enquanto trocava de roupa, e falou: "aqui só tem homem mesmo". E eu só pensando: "querido, se vc soubesse......". Claro que eu reparei nele pelado na minha frente na primeira vez, mas depois isso foi me irritando profundamente. Ver alguém nu na sua frente quando vc não quer ver é muito irritante.
Bom ao menos eram somente duas pessoas além de mim no quarto. Teve uma pensão que quando eu perguntei pra mulher quantas pessoas dividiam o quarto, ela simplesmente respondeu oito. OITO PESSOASSSSSSS????? Aquilo era uma pensão ou Carandiru?
O banheiro era uma questão a parte. Sério, tinha uns três cartazes colados naquele cubículo que dizia: "Duração máxima do banho: 1o min". Porra, 10 minutos? Como assim? E três cartazes? Pra que? Sabe aquelas cenas de filmes onde vc olha para todos os lados e vê extamente a mesma coisa. Eu me sentia assim com aqueles cartazes.
Algumas vezes até lembrava da música do Missão Impossível, olhava para esquerda e lia "Duração máxima do banho: 1o min", para a direita "Duração máxima do banho: 1o min" e dentro do box "Duração máxima do banho: 1o min". Pelo menos, teoricamente, não havia tempo máximo para vc poder usar a privada. Mas eu nunca ficava muito tempo lá, justamente com medo de que a dona da pensão batesse na porta, gritando "tempo máximo de cocô é 5 min". Super possível né?
Além disso, eu tinha nojinho daquele banheiro e nunca colocaria meus pézinhos naquele box onde sabe-se lá quem tomou banho antes, e acabava tomando banho de chinelo e me irritando depois pq os chinelos estava molhados. E eu detesto chinelo molhado no pé.
Eu nem tive o prazer de conhecer os outros moradores da pensão pq três dias foram suficientes pra dizer enough. Nesse tempo tinha arranjado uma pensão com quarto individual.
Então fui eu com minhas malas em mãos, um sem teto esperando a ajuda da assistente social (leia-se Mariana) pra me levar pro meu novo pensionato. Que tb tinha um banheiro nojento e apesar de ter de escutar meu vizinho de quarto transando algumas vezes, pelo menos tinha uma caminha só minha e eu podia fumar dentro dele. O que nesta altura era tudo o que eu queria.
Incrível como algumas vezes queremos tão pouco da vida.

3 comentários:

  1. ahahahaha Eu realmente me lembro da cena quando fui te buscar.. Achei que iria chegar lá e te ligar avisando que estava em frente... Mas não, encontrei você sozinho, parado na calça com as malas na rua.. Há momentos que não se esquecem... embora gostaríamos.. No fim, vc supera tudo e estes momentos te fazem crescer... nao sou assistente social.. mas pode contar comigo! bjss

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  2. Acontece que as vezes metáforas hilariam momentos indesejáveis, são necessários para sobrevivência insalubre, a não ser que o que desejas esteja distante do manifesto... A nudez pode ser forma de libertação, pudera eu estar fora de minha auto-agressão... Banhar-se em no máximo 10 minutos é ecologicamente correto, agora, gastar três papéis para tal aviso pode contribuir para o desmatamento e efeito estufa: contraditório!... E quanto ao vizinho confesso: que inveja!

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  3. é... buscar a pensão só não é mais deprimente do que voltar pra ela toda noite.
    Uhu! Saímos!!!!!!

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