terça-feira, 2 de novembro de 2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Bem-vindo à Idade Média

Eu acabo de ler essa notícia:
"Em reuinão com representantes de 51 denominações evangélicas, Dilma Rousseff assumiu o compromisso de divulgar uma carta aberta ao povo de Deus. No texto, a pupila de Lula vai assumir o compromisso de não legislar sobre matérias como a descriminalização do aborto e a união de casais gays"

Não sei nem o que comentar direito aqui. Justamente quando eu estava mais que feliz por nesta eleição ter-se discutido estes assuntos com tanta intensidade. Eu não lembro de alguma eleição onde a união civis de gays, por exemplo, estivesse tão presente na pauta dos candidatos. Em sabatinas, em meio a perguntas sobre problemas de moradia, violência, sempre estava presente a questão da união civil gay.

E o que vejo agora? Um retrocesso jamais visto (no meu ponto de vista) na democracia brasileira. Para conquistar o voto de certos eleitores, nega-se o direito de uma minoria. O simples direito de ter uma união, como todo cidadão, independente de qualquer coisa, possui. Um direito que não pode ser negado em nome de alguns fanáticos religiosos. Um direito anteriormente defendido pelos candidatos. Falo candidatos, pois a notícia diz respeito a Dilma, mas não duvido que o Serra faça o mesmo.

Novamente a religião sendo usada em nome da exclusão. O clero mostrando as garras, mostrando que, apesar de não vivermos mais em feudos, eles ainda são superiores ao povo. E os presidenciáveis trocando dignidade e igualdade por votos. Esse é o Brasil que vivemos. Não o país do futuro, mas o do passado. Aquele que volta a Idade Média.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Inferno astral

Os felizes que me descuplem
ma(i)s
depressão é fundamental.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O Assassino

As digitais deixadas no teu corpo são apagadas pela lembrança. Não serei descoberto, nem recordado. O crime que cometi foi sepultado com a centelha viva do orgulho. Minhas mãos não penetram a derme, meu timbre não atinge o agudo cardíaco, minha face expressionista apaga-se com uma camada de tinta branca. Não deixo rastros. Não deixo pistas...

Como uma sombra, esgueiro-me seguindo teus passos cadenciados. Eu estava lá e você notou. Você sabia do perigo, mas mesmo assim me deixou entrar e eu esperei o momento propício, aquele momento onde o segundo passa a ser eterno. Como um caçador de vampiros, finquei estacas no teu coração. Teu corpo estendido no chão, o sangue escorrendo colorido, como se uma pintura estivesse se desmanchando...

Virei o corpo até poder olhar-lhe a face. Queria ver minha figura desaparecendo lentamente da tua íris. E para meu espanto, não, não para meu espanto, quem jazia morto não era você. Era eu. Eu me via sumir, uma chama não alimentada exaurindo-se. E você olhava esta cena com completo desdém...

110-florence and the machine-my boy builds coffins

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Plantei uma árvore, escrevi umas linhas e não terei filhos

Piazinho era como o chamavam. Mesmo com a altura e o peso. Mesmo com o bigode e os pentelhos. Garoto tímido. Garoto bobo. Sempre a caminhar de cabeça baixa, não prestava atenção aos risinhos, ao escárnio. Mentira. Não se deixe enganar, o semblante aéreo esconde signos de terra. Levanta essa cabeça. Lordose. Tinha aprendido essa palavra na aula, mas não sabia muito bem do que se tratava, problema de coluna, basta. A cabeça lhe pesava – o peso da dúvida – os ombros arqueavam. Corcunda. Tinha lido essa palavra em algum livro da biblioteca cheia de livros da coleção vaga-lume.

Era um garoto bobo, não se esqueçam. Não, ele não se afundava em livros eassimescapavadarealidadequelheapareciaclichêcruel. Ele gostava de sentir na carne. Queria ser mártir. Do que? Fora educado a ser sozinho: ganhou o Mega Drive com um controle somente; ganhou uma raquete de tênis com uma bolinha que jogava contra a parede do quarto do vizinho; ganhou a bicicleta quando a moda era roller. Sempre quis um cachorro, pedia cotidianamente por um cachorro. É pequeno demais. A cabeça ele pensava. Quando enfim conseguiu o cachorro, já gordo, não soube lidar com a situação de ter um ser dependente e o deixou ao deus dará. Piazinho gostava de seres independentes, os admirava. Fitava com admiração as meninas que na sétima série pegavam sozinhas o busão para ir ao shopping. Aquele lá longe, aquele depois de duas estações, desce pela porta da esquerda e anda uma quadra pela avenida.

Por essa época resolveu gostar da menina loira da sala. Ela disse que também gostava dele. Começaram a namorar. Garoto bobo. Piazinho + namoro = dar beijo no rosto. Tiveram que escrever uma redação intitulada “Se eu fosse um objeto, eu seria...” e escreveu que queria ser um gibi. Fora chamado a frente pela professora e percebeu que já passou da hora de meninos da sua idade lerem gibis e que deveria se espalhar no V. – vulgo o menino de jaqueta de couro e moto se fosse nos anos 50 ou o menino que sempre roubava pão na casa do João “quem eu sim você eu não então quem foi foi o V. foi o V.” – que escreveu que gostaria de ser uma camisinha. Piazinho saiu com a cabeça ainda mais baixa que normalmente perguntando o que deveria de ser o raio da camisinha. A menina loira se cansou de Piazinho rapidamente. Ela pediu um selinho e Piazinho não sabia o que fazer. Acabou por aí. Não soube o que se passava e não conhecendo metáforas achou que a melhor solução era escrever o nome da menina loira com carvão na parede em cima do tanque da casa dos avós.

Piazinho acabou se cansando. Principalmente de ser chamado de Piazinho. Queria ser Piá. Revoltou, fumou, bebeu, fumou, beijou uns caras aí, leu Nietzsche, beijou mais caras aí, descobriu a nouvelle-vague. De tudo Piazinho gostou. Mas ainda assim algo não mudou. Ser Piá era se libertar, mas quem se liberta de amarras prazerosas. Começou a se apresentar como Piá, mas Piazinho sempre será. E quem disse que não se sabe disso?

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

ESCAFANDRO

Estou tão cansado deste horizonte longínquo, inalcançável, que me persegue (ou persigo) desde que me joguei ao mar. Como um quadro estático, uma paisagem imortal, sinto segundos, minutos, horas, dias, meses, anos passando e tudo permanece. Desvanece. Nada.
O ritmo das ondas é a cadência do tempo. Indo-vindo. Tic-tac. Levam-me sempre ao mesmo ponto, ao redemoinho gutural onde tudo se esconde. Não me deixo levar. Luto pacífico e silencioso contra monstros nem sequer desvendados.
O sol a pino queima-me sem deixar marcas, a luz incessante cega-me. Envelheço anos em dias. Lançado à dinastia do tempo, a idade passa-me internamente, corroo as entranhas e construo paredes invisíveis. Sem entradas para que não consiga me desvendar. Je et vous. Ils et elles aussi.
Não me julgue. Não me pergunte. Não tenho a resposta por ter me impelido ao mar. Masoquismo, talvez. Mas não gosto da dor. Eu e eu perdidos nesta imensidão azul e não era a liberdade azul? flutuando o pensamento e divagando o corpo.
O que o que o que o que o que o que?
Padeço. Não sinto. Discurso palavras ao vento. Esqueço. Quem se atira ao mar sabe que não será salvo. Com o tempo afunda. E quem terá a coragem de mergulhar? A refração, a reflexão e o olhar turvo. Como essas águas.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Culposo proposital

Com a boca cheia de formigas
cuspo autoverdades
cavo própria tumba
conclamando atrocidades
Com a mão calejada de feridas
dê-me o arco e a flecha
miro o cerne da conquista
oh deleite masoquista
Com os lábios cheios de negativas
escorre receio
sugo o néctar azedo
rindo do que anseio
Com o espírito cheio de ironias
finco estacas nas pústulas fechadas
subverto o sentimento
transformo em sacramento


04 The Ropes - Dead and Well (piano version)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Homem de olhos vendados

Sonhos.

Não!

Coloque-os na gaveta onde guarda teu coração.

Eu aguardo languidamente o dia em que virão ao meu encontro

Meu corpo lateja, minha alma estremece, minha visão nébula ao fechar meus olhos

Meus versos amorfos serão, finalmente, compreendidos por ninguém

(eu suporto não me fazer sentido algum)

No limiar da loucura, três bruxas me disseram:

“Receba o dom do desejar etéreo”

Assim eu te espero

Espectro.

domingo, 13 de junho de 2010

Resumo

Sou só mentiras.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Imagem é tudo?

Quando começou esta febre Lady Gaga, eu virei a cara. O som dela não me parecia (e na verdade não é) nada demais. Depois relaxei e assumi que Lady Gaga era bom pra dançar e fazer um teatro com os amigos.
Mas agora todos falam que Lady Gaga elevou o pop a um novo patamar. E eu fico me questionando: o que ela fez?
Cheguei a conclusão que ela realmente levou a um novo patamar, mas morro abaixo. Ela está transformando música em imagem, onde é muito mais importante a imagem que você cria do que a própria música. Ou seja a criatura (e seu circo) é mais importante que a criação.
Os novos clipes dela que todos pensam "óhhhh que maravilhoso" me passam uma impressão tão vazia. Cheio de referências jogadas ao acaso, onde é mais importante a quantidade de referências do que a qualidades destas. E não dá pra negar que muitas destas tais "referências" não são nada mais do que marketing de patrocinador.
Além disso, eu vejo uma coisa meio nazista. Esse culto desenfreado a imagem tem um quê do filme Olympia da Leni Riefenstahl, que, não por acaso, era a cineata oficial do nazismo. Pode soar até ingênuo ou apocalíptico, mas será que Lady Gaga não está criando novos arianos que somentem se importam com a estética? O poder da semiótica é profundo.
Enfim, eu devo realmente ser antiquado. Para mim, música é para ser ouvida, cinema é para ser visto e literatura para ser lida. Lady Gaga quer fazer música para ser vista. Agora se isso é bom ou não, cabe a cada pessoa olhar com um pouco mais de ceticismo e ter sua resposta. Eu já tenho a minha, aqui expressa.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Nouvelle Vague

- Só quem conheceu a solidão sabe o que é amor.
- O silêncio é a voz ancestral.

A palavra que não te disse é a que te cala.

Desmanchou-se em devaneios soturnos. Bebia água na fonte em forma de esfinge.

- Qual é teu enigma?
- Devora-me que te respondo.

Lembrou-se quando menino sonhava com um pátio imenso. Senzala própria. Arcabouço dos pensamentos, dos sentimentos.

Andou alguns passos. Pensativo. Introspectivo. Solstício.

- Há algo que queiras me dizer?
- Nada. Rien.

Eu vi. Vi a forma negra que te apoderava. Agora, já era tarde.
Tarde para mim. Noite para você.

domingo, 23 de maio de 2010

Dry

- Enche.
- Você não devia...Depois daquilo....
- Enche porra.
Observei aquele fluxo transparente, e ao mesmo tempo cheio de cor para ele, cair direto para o copo. Não fazia alarde, só queria manter o copo como uma antítese da vida. Entornou o primeiro gole, ouviu o golpe no estômago e como um relâmpago eriçou-se por completo. Mal tomava o segundo gole já pedia para completar novamente. Sentiu a boca amortecer. Sentiu a fúria nunca exprimida espairecer. Melhor assim, pensava ele.
Começou a tocar aquela música. Justamente aquela. Sempre relacionado com aquela música. As mãos começaram a tremer e observou todos ao seu redor. Fixou o olhar num ponto onde não havia ninguém e balbuciou algumas palavras.
Sentiu um gosto amargo na boca, sabor que já sentira diversas vezes. Esvaziou o copo num só gole, largou o dinheiro não contado e foi-se embora.
O desprezo e o desespero gladiavam-se dentro dele. A passos largos andava pelas ruas iluminadas, não por segurança, mas por querer ver sua sombra. Gostava de vê-la deformando-se ao longo da rua, e sabia que ela tinha muito mais a dizer sobre si do que ele próprio.
Encontrou uma prostituta.
- Qual o seu nome? Não me interessa mais nada.
- Marguerite.
Despiu-a, já no quarto, aproximou-se do seu ventre nu, afundou a face e chorou. Chorou abundantemente. As lágrimas escorriam pelo corpo da prostituta, delineando seu corpo, deixando rastros e desembocando internamente nela. Isso causou na prostituta um prazer enorme, dando-lhe um gozo intenso.
- Choras por alguém que foi?
- Choro por alguém que está.
- Quem?
- Eu.
Olhou ao redor e viu porta retratos. Todos sem fotos. Várias molduras sem pintura. Vários espelhos sem reflexo. Levantou-se. Ele viu-a ir embora. Ela olhou para a janela e acenou com a cabeça, subiu na borda do viaduto que circundava o prédio e jogou-se. Ele apagou a luz, deitou-se e dormiu.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Repeat until fade

Corre corre corre corre corre. O tempo está parado.
Corre corre corre corre. Core.
Pinga. Suja. Lava.
Dorme dorme dorme dorme dorme. Aurora do dia.
Dorme dorme dorme dorme. Dói-me.
Circula. Refluxa. Enxuga.
Arranja. Exclua. Labuta.
Dorme dorme dorme dorme dorme. Morre.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Pequenos acontecimentos cotidianos I

Pois é, clonaram meu cartão de crédito. Mas como filho de peixe peixinho é, ou como a fruta não cai longe do pé, o clone só foi utilizado na Casa Della Mamma e na Pizzaria Florencia. Até o clone só pensa em comer.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Simples como...

"...um verso simples
pra transformar o que eu digo"

domingo, 18 de abril de 2010

Sou rei

Do reino de diáfanas falanges
(Ecos pulsantes)
Do reino da mutilação jacente
(Reflexo latente)
Do reino da incerteza ulterior
(Compasso dolor)

No ermo cardíaco
No caldo hipocondríaco
Sigas o mel azedo, Pitágoras
e por fim não esqueças

Do interno da luxúria
Meu reino se chama angústia
Da crítica da estima
Meu reino se conjuga lastima
Da fonte da temperança
Meu reino se verbaliza desesperança

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pensão

Semana metaforicamente depressiva. Nada de metáforas.
Não sei pq, hj eu estava lembrando de quando eu cheguei em Maringá e fui procurar pensionatos para morar.
Que coisa vergonhosa, eu, um andarilho sem teto, batendo de porta em porta perguntando se tinha vaga, quantas pessoas tinha no quarto e quanto custava.
A primeira pensão durou três dias. Eu dividia o quarto com uma japonês, chinês, whatever, asiático petrificado, pois toda a vez que eu entrava no quarto ele estava extamente na mesma posição: debruçado sobre a mesa estudando. Nem um fio de cabelo se mexia. O outro era um cara sem noção que ficava pelado no quarto. Isso mesmo, ele ficava PELADO no quarto. A primeira vez que ele fez isso, ele olhou pra mim e pro japonês, enquanto trocava de roupa, e falou: "aqui só tem homem mesmo". E eu só pensando: "querido, se vc soubesse......". Claro que eu reparei nele pelado na minha frente na primeira vez, mas depois isso foi me irritando profundamente. Ver alguém nu na sua frente quando vc não quer ver é muito irritante.
Bom ao menos eram somente duas pessoas além de mim no quarto. Teve uma pensão que quando eu perguntei pra mulher quantas pessoas dividiam o quarto, ela simplesmente respondeu oito. OITO PESSOASSSSSSS????? Aquilo era uma pensão ou Carandiru?
O banheiro era uma questão a parte. Sério, tinha uns três cartazes colados naquele cubículo que dizia: "Duração máxima do banho: 1o min". Porra, 10 minutos? Como assim? E três cartazes? Pra que? Sabe aquelas cenas de filmes onde vc olha para todos os lados e vê extamente a mesma coisa. Eu me sentia assim com aqueles cartazes.
Algumas vezes até lembrava da música do Missão Impossível, olhava para esquerda e lia "Duração máxima do banho: 1o min", para a direita "Duração máxima do banho: 1o min" e dentro do box "Duração máxima do banho: 1o min". Pelo menos, teoricamente, não havia tempo máximo para vc poder usar a privada. Mas eu nunca ficava muito tempo lá, justamente com medo de que a dona da pensão batesse na porta, gritando "tempo máximo de cocô é 5 min". Super possível né?
Além disso, eu tinha nojinho daquele banheiro e nunca colocaria meus pézinhos naquele box onde sabe-se lá quem tomou banho antes, e acabava tomando banho de chinelo e me irritando depois pq os chinelos estava molhados. E eu detesto chinelo molhado no pé.
Eu nem tive o prazer de conhecer os outros moradores da pensão pq três dias foram suficientes pra dizer enough. Nesse tempo tinha arranjado uma pensão com quarto individual.
Então fui eu com minhas malas em mãos, um sem teto esperando a ajuda da assistente social (leia-se Mariana) pra me levar pro meu novo pensionato. Que tb tinha um banheiro nojento e apesar de ter de escutar meu vizinho de quarto transando algumas vezes, pelo menos tinha uma caminha só minha e eu podia fumar dentro dele. O que nesta altura era tudo o que eu queria.
Incrível como algumas vezes queremos tão pouco da vida.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Frase Incompleta

Fui ao cabeleireiro ontem. Dei um voto de confiança e somente pedi um corte estilo "cantor de rock alternativo". Quando me olhei no espelho parecia o Paul McCartney. Nos anos 60.
O que, tá, não deixa de ser alternativo. Frases Incompletas são fodas.
Aliás, a Marina não trabalha com algo assim?

segunda-feira, 29 de março de 2010

Geografia e Astronomia do eu e tu imaginário

Atravesso os fusos do teu coração, mas não te encontro. Destino antagônico Eu ocidente Você, oriente.
Não me deixaste penetrar o trópico do teu signo. Mal dita sinastria de Libra a Virgo dá-se a volta no globo.
Revele os teus istmos e abra seus canais. As placas de teu humor causam perturbações na aurora boreal do amanhã.
Sopre correntes oceânicas e lave o fundo de minha alma. Acima da poeira cósmica que paira Descobrirás supernovas.
Sois buraco negro. Vejo-te por fora, mas não por dentro Gravitas sobre minha doce ilusão e não te escapo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

IN ON IT

"Algumas coisas terminam, outras, simplesmente param"

Da sensacional peça In On It.

domingo, 14 de março de 2010

Da reta ao ponto

Não consigo traçar linhas retas, sempre há uma leve inclinação de dúvida.
Muitas vezes a idéia inicial de linha se torna, sem perceber, alguma forma geométrica: quadrados, retângulos, círculos, escalenos. Ao ponto incial, a reta retorna.
De quando em quando olho para a reta e vejo loopings como em uma montanha russa, começo a gritar Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh e quanto mais alto grito mais silêncio escuto.
Desisti de traçar linhas retas. Só ponto agora. Um somente. Em folha branca. A reta precisa dos pontos. Um ponto em folha branca não espera ninguém.

sábado, 13 de março de 2010

Nada será como antes

estava vendo um texto que acabou salvo como rascunho aqui no blogger e resolvi termina-lo.
era algo meio "encontros e despedidas" do milton nascimento, mas depois percebi que esse texto não servia mais.
realizei que "nada será como antes" funciona tanto para um texto de blog quanto para texto de vida.
Salve Salve Miltão!!!!!!!!!

Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol

quarta-feira, 3 de março de 2010

A Superior

Que me importa a felicidade
Quero tiro seco
Dardo do destino
Para guiar o caminho

Que me importa o desejo
Quero lua diurna
Sentar na beirada
Para alma precipitada

Que me importa o sonho
Quero nu e cru
Escolher a raça
Para julgar cova rasa

Que me importa a felicidade
Quero tempo corrido
Dia e noite arfar
Para em nada pensar

segunda-feira, 1 de março de 2010

Epica em Curitiba dia 20/04

Esse show vai ser Épico!!!!!



Conjugação do verbo criticar

Eu critico eu
Eu criticas tu
Eu critica ele
Eu criticamos nós
Eu criticais vós
Eu criticam eles

Tecer ou ode a Penélope

Costurava letrinhas o dia inteiro. As tinha em uma caixa de vime, e as escolhia aleatoriamente.
Por mais que costurasse, a entropia não diminuía e a desordem e o caos predominavam.
Os fios estavam espalhados como teias de aranha suspensas por aquele lugar que se assemalhava a uma sala, um aposento de madeira, com a máquina no centro e uma simples lamparina como decoração.
Não via nada além, só escutava.
Quando escutava o canto do Grou, tecia desesperadamente, usando fios azuis, brancos, vermelhos, liberté, égalité, fraternité. Ficava feliz, não o escutava comumente. Mas quando acontecia, era por um longo tempo. Tecia, tecia, tecia e não sentia. Algumas vezes reparava que faltavam letrinhas, mas entendia que não faziam falta, as letras vizinhas compreendiam .
Mas na maioria das noites, escuta o som da coruja. Aí, silenciava e usava fios negros formando um bolo de retalhos negros. Costurava e descosturava, costurava e descosturava. Quando dava por si, estava no mesmo lugar, exatamente na mesma posição, há horas. Nada feito. Aí se cansava e deitava sem sair do lugar. Seu corpo presente, mas a mente longe.
Não pensava nada, só esperava a lua morrer para ver nascer outra e assim, esperar o novo dia de boa ou má sorte.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Como trazer sua amiga de esquerda de volta

Eu: Parei de reciclar o lixo.

Ela: O quê? Estou indo praí. AGORA.

A Casa Vazia

As roupas jogadas pelo chão, a caixa de pizza ainda jogada sobre a mesa, a louça suja e a cama desfeita. No varal há uma única toalha estendida (há quanto tempo?). As paredes descascadas dão um toque de casa vazia. Mas a casa está vazia?
A vida aparece através da fumaça do cigarro serpenteiando a tela do computador. Uma opacidade entra por pequenas frestas, como um vento imperceptível, mas luminoso, deixando aparecer somente dois olhos azuis vidrados. A música sai da caixa de som como um ópio, repetindo-se infinatamente, parecendo uma caixinha de música esquecida pelo ambiente ou enterrada na parede.
Um pensamento pode até criar eco, o tilitar das teclas do computador correspondem ao som do universo.
- Desde sempre?
- Foi assim?
A voz imaginária perguntou.
A voz imaginária perguntava.
- Não. Nem sempre.
- E quando foi?
- A casa foi abandonada. Aos poucos os cômodos foram deixados de serem visitados.
- Pq?
- Pq a lareira se apagou.
As respostas trazidas pelo vento se dissiparam neste momento. Foram se esconder na lareira apagada.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Caderninho

Preciso de um caderninho para escrever acontecimentos do dia a dia
Preciso saber quantas linhas o tédio ocuparia

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Pouco, muito pouco

Parte I
Incrível o quanto vc pode achar ser, mas na verdade não é.
Eu vejo películas poéticas, mas há os que veêm muito mais.
Eu ouço músicas alternativas, mas há os que escutam muito mais.
Eu leio clássicos, mas há os que leêm muito mais.
Eu entendo de bioquimíca, mas há os que entendem muito mais.
Eu escrevo no blog, mas há aqueles que escrevem mais (e infinitamente melhor).

Parte II
Sensação que vc nunca vai passar de rascunho quem escreveu isso?
Por baixo das várias camadas de tecido, o que sobra é pouco, muito pouco.
Um cult que não passa na verdade de aborrecimento. Nada de exagero.
Ou se exagera, o faz da pior forma possível.
Andando por ladrilhos percebe-se a piada sem graça, o assunto forçado, o caminhar desgastado, o flerte mal dado.
O problema é esse. Enquato todos querem copo meio cheio, eu posso oferecer meio vazio.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Resoluções de Ano Novo

Fume muito. Beba muito álcool. Transe muito. Saia a noite. Dance muito. Troque a noite pelo dia. Falte muito a academia. Seja vagabundo. Critique muito. Use drogas. Escute rock´n roll. Coma junk food. Gaste seu dinheiro. Dê barracos. Durma não se sabe aonde. Use a mesma roupa várias vezes. Falte o trabalho. Deixe a casa suja. Veja pornôs. Xingue o vizinho. Estacione sem ESTAR. Acorde tarde. Tenha ódio. Esqueça frutas, legumes e verduras. Delete amigos do orkut. Assista filme na sessão das 13h. Ignore as pessoas. Faça drama. Irrite-se. Minta.

O Ano acaba.
A vida acaba.

As 10 músicas de 2009

Tá, eu sei que isso eu deveria ter feito no final de 2009 e não dois meses depois de 2010 ter começado, mas eu tenho um pequeno delay de meses.
Eu sempre quis fazer isso, uma listinha com filmes, musicas, livros, ou qualquer outra coisa que valha. Vou começar com as 10 melhores músicas que eu escutei em 2009, o que não significa que essas músicas foram feitas em 2009, pode e tem coisa antiga. Então vamos com a listinha:

10) The B52´s - Funplex
Depois de muito tempo sem lançarem nada, os "vovôs e vovós" mostraram que dão uma lavada em muita banda atual.

9) Hollwood, Mon Amour - Cat People
É o novo projeto do Nouvelle Vague que modifica agora músicas temas de filmes dos anos 80. O que eles fizeram com Cat People do Bowie é sensacional!!!!!

8) Fleet Foxes - Mykonos
Essa mistura meio folk, meio hippie que eles fazem resulta em música surpreendente aos ouvidos.

7) The Big Pink - Velvet
Dificil explicar o som dessa banda. Talvez uma mistura racêmica (google it) de anos 80 com os dias atuais. Só escutando pra entender.

6) Sonic Youth - Superstar
Ok, eu confesso que eu não conhecia, e ainda não conheço, muita coisa do Sonic Youth (praticamente se enforca agora). Mas peguei algumas músicas para ir ao show deles em SP, e me deparei como essa música , que vem a ser uma das mais famosas do grupo. Toda cantada na forma de sussuros, esse lamúrio musical é fantástico. Uma pena que não tocaram no show.

5) Muse - Uprising
Enfim o Muse assume toda a sua grandiloquencia. Você se sente praticamente em uma ópera, só que numa ópera indie (se vc não entende como isso é possível, escute o novo cd deles e vc saberá do que estou falando).

4) Lily Allen - Not Fair
E pensar que seria dificil Lily Allen ser mais ácida e malvada que em "Smile" e "Knock them out", mas, sim, ela conseguiu. E ainda misturou um pouco de country, um estilo vamos dizer de macho, para satirizar mais ainda.

3) Florence + The Machine - Girl With One Eye
Um vocal com voz de cantora de jazz ou blues pode fazer música alternativa? Pode sim, é só escutar essa banda.

2) The XX - Crystalised
Essa banda tem um estilo meio Joy Division, mas sem se deixar tragar por isso, e fizeram algo novo. Uma música sem parafernália, mas que é magnifica. Como dizem, menos é mais!!!!!

1) Grizzly Bear - Two Weeks
Essa caras do Brooklyn fazem uma música que não tem igual. Lembra um coral cantando uma musica folk com pitadas eletrônicas e acústicas. Uma música sem igual.

Enfim, essa é minha listinha. Vale lembrar que muita coisa boa ficou de fora e merecem menção honrosa: She wants revenge, Pheonix, La Roux, Friendly Fires, Passion Pit, Zazie a até Lady GaGa merece uma atenção por Bad Romance.
Até!!!!!!!!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

AtRaSo

Opa,
depois de um mês eu volto a postar aqui....
Muitas coisas ocorreram: casa nova, discotecagem, doutorado engrenando, dvds de merda (literalmente), nessa ordem.
As coisas estão se colocando no lugar novamente, então como esse blog só funciona quando tudo fisico está no seu lugar, eu posso voltar a ter meus devaneios mentais. até daqui a pouco.