domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Casa Vazia

As roupas jogadas pelo chão, a caixa de pizza ainda jogada sobre a mesa, a louça suja e a cama desfeita. No varal há uma única toalha estendida (há quanto tempo?). As paredes descascadas dão um toque de casa vazia. Mas a casa está vazia?
A vida aparece através da fumaça do cigarro serpenteiando a tela do computador. Uma opacidade entra por pequenas frestas, como um vento imperceptível, mas luminoso, deixando aparecer somente dois olhos azuis vidrados. A música sai da caixa de som como um ópio, repetindo-se infinatamente, parecendo uma caixinha de música esquecida pelo ambiente ou enterrada na parede.
Um pensamento pode até criar eco, o tilitar das teclas do computador correspondem ao som do universo.
- Desde sempre?
- Foi assim?
A voz imaginária perguntou.
A voz imaginária perguntava.
- Não. Nem sempre.
- E quando foi?
- A casa foi abandonada. Aos poucos os cômodos foram deixados de serem visitados.
- Pq?
- Pq a lareira se apagou.
As respostas trazidas pelo vento se dissiparam neste momento. Foram se esconder na lareira apagada.

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